quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Passeando Por Lisboa

Para irmos a Lisboa temos que atravessar o rio Tejo, seja de auto-carro, comboio (trem) ou de barco . Eu prefiro sempre o barco . Quem vê este rio pela 1ª vez se apaixona, e isto aconteceu comigo....Olhando aquelas águas encrespadas , lembrei de uma música de Paulinho da Viola que diz :" aquele azul que não era do céu e nem era do mar ....", se referindo a Escola de Samba Portela , e ainda , " foi um rio que passou em minha vida "....O Tejo veio para ficar na minha vida , e quando Fernando Pessoa diz :"O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia ," lembro , então, com saudade do rio ( ou lago ? ) Guaíba que banha Porto Alegre e me parece que estou traíndo essa afeição . O Tejo nasce na Espanha na serra de Albarracim , a 1593m de altitude percorre 1009km e deságua no oceano Atlântico por um largo estuário : Lisboa fica ao lado direito do estuário . Da sua foz partiram naus e caravelas dos descobrimentos portugueses .Várias pontes atravessam o Tejo , mas as principais são a 25 de Abril , e a Vasco da Gama . O Castelo Medieval de Almoural, a Torre de Belém, o Mosteiro dos Jerônimos e o Parque das Nações são alguns dos pontos turísticos do Tejo. Moramos em Sobreda e em Cacilhas pegamos o barco para Lisboa , é uma viagem deliciosa ! De longe se avista Lisboa, é deslumbrante o que se vê, parece uma pintura , quadro de um grande artísta !!! Ao atravessarmos o Tejo, chegamos ao Cais de Sodré, já em Lisboa. Aí temos o auto-carro, o táxi, o bondinho elétrico, metro e comboio para quase todos os lugares que desejarmos ir . Gosto de pegar o metro e ir para o Baixo Chiado , Rossio, Restauradores e arrastar as sandálias pela Av. Liberdade, para mim o coração de Lisboa. Agora , muita coisa do passado mudou : a Av. Liberdade tornou-se um desfile das grandes marcas, das boutiques famosas, e aos poucos vai perdendo aquele ar romântico dos anos 60 . Mas mesmo assim é uma avenida cheia de encantos com seus hotéis , confeitarias, livrarias, restaurantes e muita animação. Almoçamos no Nicola ou no Parque Mayer , na Gina , e depois andamos até o Rossio e nos deliciamos com um licor de ginja na tendinha. Aproveitamos o lindo dia de inverno e pegamos o bondinho até o Miradouro São Pedro de Alcântara , no Bairro Alto, para espiar Lisboa lá de cima !!! E como diz o poeta:
."Lisboa é a capital do amor em Portugal...ainda !!!! "

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Lisboa, Quarenta Anos Depois 2

sucessos agora virou um estacionamento, está em ruínas . Os teatros demolidos ou desmoronados, os café, restaurantes tudo acabado, como se a mão implacavél do tempo sem dó, sem pena, lá estivesse destruindo tudo, sem respeito, acabando com o glamour, o charme de um centro cultural tão completo e de tanta história da arte de um país... A esperança já desponta quando andamos pelo espaço olhando os tapumes que anunciam um novo teatro no lugar do Capitólio, um projeto para a construção do teatro Raul Solnado....... que alivio !!!! Pelo menos existe um plano a ser executado! As paredes do teatro Variedades estão cobertas com cartazes de todos os espetáculos que lá foram encenados e de repente me acho no meio da história do Teatro de Revista de Lisboa. Ah! Que emoção ver meu nome e minha foto fixado naquele pedaço da arte de Portugal! E lá no mesmo lugar, naquele cantinho ainda está funcionando o teatro Maria Vitória, obra e coragem de um homem chamado Helder Freire Costa, que ainda acredita no teatro de revista no Parque Mayer. Um herói! Um guerreiro! Um empresário cheio de coragem, vontade e alegria no coração! A revista " Vai de em@il a pior " é uma satisfação e um prazer assistí-la com uma geração nova de bons artístas e alguns excelentes veteranos. A estrela é Florbela Queiroz, importante nome nas artes cênicas de Lisboa, que encanta e nos faz rir, muito a vontade em cena, acompanhada pela simpatia e comicidade de Paulo Vasco e Carlos Queiroz. Os autores Francisco Nicholson e Mário Raínho, num texto bastante atual e inteligente, nos proporcionam momentos de alegria e descontração. Fomos assistir este espetáculo com nosso amigo o jornalista, professor e escritor Jorge Trigo, um dos lutadores pela sobrevivência do Parque Mayer. Portugal está atravessando uma grande crise social, financeira e política, mas homens como Helder Freire Costa não se intimidam com facilidade e no teatro Maria Vitória já está ensaiando sua próxima revista, desta vez sobre a Troika. Nossa admiração e respeito por estes artístas portugueses que teimam em não deixar morrer uma arte tão viva como o teatro de revista !!!!

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Viajando para Portugal

Quando em 1969, o ator e cômico Spina, brasileiro radicado em Portugal, chegou no Rio de Janeiro, ele trazia dos empresários portugueses, o nome de duas vedetes no bolso: Sonia Mamede e Eloína. O convite era para trabalhar nas boates das Colônias Portuguesas na Africa e o salário era bem mais alto que o oferecido em Lisboa. Spina apareceu na Praça Tiradentes e a primeira pessoa que encontrou fui eu, que estava trabalhando com o Colé no teatro Carlos Gomes na revista " Rio, Sol e Fantasia." Mas ele também queria falar com a Sonia Mamede, pois ele não conhecia meu trabalho..... Foi então assistir a revista e se encantou comigo em cena. Mas havia um problema, eu estava em cartaz e a Sonia estava parada .....Telefonamos para ela que argumentou não poder viajar na ocasião. E agora? Que fazer? Fui falar com o Colé que disse: " Eu não prejudico ninguém, acho que você deve ir, desde que coloque alguém a sua altura no seu lugar.".... Fomos telefonar para a Sonia Mamede que aceitou me substituir ..... e assim eu e mais seis bailarinas da TV Record e uma cômica chamada Lourdes Santana formamos o grupo para as colônias de Portugal na África. Chegamos em Lisboa no dia 31/07/1969. No aeroporto estavam os empresários nos esperando e a vedete portuguesa Aída Baptista. Aí então soubemos que não poderíamos mais ir para a África, pois as colônias haviam entrado em conflito com o domínio português. Nosso destino era, então Portugal. Tudo havia mudado, chegamos em Lisboa no verão, fora de temporada e como já tínhamos contrato assinado, o jeito foi em um mês remontarem uma revista para a cidade do Porto, e assim estreiamos no teatro Sá da Bandeira a peça " Mãos a Obra", no dia 30/08/1969 . Fomos muito bem recebidos tanto pela crítica, como pelo público.Foi um sucesso !!!
Fizemos então uma excursão pelo interior levando " Mãos a Obra "em várias cidades: Évora, Portalegre, Coimbra, Aveiro, Guarda, Póvua do Vazim, Setubal, Guimarães, Braga etc,,,,
Tinhamos no elenco Aída Batista, vedete portuguesa, Carlos Coelho, cômico português, Spina, cômico brasileiro e eu a vedete brasileira. Era um elenco homogênio, com igualdade de papéis e de destaques Haviam bailarinas brasileiras, portuguesas e de outras nacionalidades. Do Porto, voltamos para Lisboa e começamos a ensaiar a revista para a grande temporada de inverno que estreiaria no Teatro Variedades, no Parque Mayer ,um centro cultural com vida própria, muito bem estruturado com restaurantes, cafés, cabeleireiros, barracas de tiro ao alvo, um pequeno ringue de luta livre e boxe , além de outras diversões, onde funcionavam quatro teatros: o ABC, o Variedades, o Capitólio (grandes), e o Maria Vitória um acochegante teatrinho de bolso. O Parque Mayer era frequentado por famílias que lá iam passear e assistir os espetáculos em cartaz. Quando acabavam as sessões os portões do Parque fechavam, pois era um centro especialmente cultural com seu cinema ao ar livre no terraço do teatro Capitólio.
A concorrência era muito forte, todos queriam apresentar o que havia de melhor para aquela temporada . Contratos novos eram assinados e nas fachadas iluminadas brilhavam nomes de famosos artistas do mundo inteiro. Era um charme só! Uma disputa sadia que oferecia trabalho para muitos, pois cada teatro possuia uma grande equipe de artistas, técnicos, músicos e outros trabalhadores dentro do andamento do espetáculo. Sempre senti muito orgulho de ter feito parte desta emoção que era uma estréia em Lisboa, tendo sido eu a última vedete brasileira a ser convidada para estrelar uma revista portuguesa. Após a estréia íamos todos para um restaurante esperar as críticas, que saiam na madrugada, e o frio que dava na barriga na hora de entrar em cena, para uma platéia de 1.800 espectadores, continuava até a chegada dos jornais!!!
No teatro Variedades nosso elenco contava com Aída Baptista, Carlos Coelho, Spina, Eloína, Anita Guerreiro, António Calvário, Max, Helena Cardinale e Vítor Espadinha. O coreógrafo era Mariano Franco com um grupo de bailarinas portuguesas e internacionais. Os empresários eram Vasco Morgado e Giuseppe Bastos, os autores eram Paulo da Fonseca, César de Oliveira e Rogério Bracinha, os compositores eram João Nobre e Carlos Dias, este era o time de " Peço a Palavra ", sem dúvida um grande sucesso que muita saudades deixou na minha trajetória artística. Foi para mim uma honra ter trabalhado com estes excelentes profissionais !!!!

domingo, 30 de outubro de 2011

Lisboa ....Quarenta Anos Depois 1

Sempre tive vontade de voltar a Portugal, rever os lugares que conheci, que deixaram saudade. O teatro onde me apresentei como vedete brasileira, onde morei, e as pessoas que fizeram parte do meu caminho naquele momento. Achava que talvez um dia isso pudesse acontecer. E ACONTECEU !!!!!!!!!!!!! Incrível como isso se sucedeu.


Quando trabalhei em Lisboa conheci uma pessoa que me encantou, seduziu e me apaixonei.....um português, moreno, bonito e gentil. Foi um romance cheio de promessas, um amor a primeira vista, no café do Parque Mayer, junto ao Teatro Variedades onde eu atuava. A primeira vez que o vi já sabia que ele seria meu único amor em Portugal. Vivemos uma intensa paixão e logo fomos morar juntos. Alugamos um apartamento e quando o contrato acabou ele me levou para a casa de seus pais.


Ele era filho único e eu fui recebida como uma rainha pela sua mãezinha dona Maria Helena e pelo pai, sr. Fernando. Logo toda a família me tratava como se eu fosse parte daquele clã: com muito carinho e respeito. Mas eu tinha uma família no Brasil , uma mãe que dependia de mim e um filho para criar com dez anos de idade. Chegou a hora da despedida que foi bastante dolorosa, difícil, mas impossivel de evitar..... O amor acaba com a distância ou aumenta? A verdade é que ele veio ao Rio de Janeiro a minha procura e tudo deu errado para nós dois e terminou o prazo de turista ele partiu deixando comigo a certeza que nunca mais o veria..... Se passaram quarenta anos...... e ele em Portugal contando para uma brasileira seu romance comigo ela lhe aconselhou: " procure ela na Internet....no Facebook....no Orkut " e assim, ele me encontrou ....... Levei um susto, quando recebi uma mensagem de Fernandes Envia.


Depois de três meses de conversas diárias pelo MSN , WEB CAN, ele foi ao Brasil me buscar e aqui estou morando em Portugal, com aquele que foi meu amor e que a vida nos separou. Moramos num lugar adorável chamado Sobreda da Caparica, pertinho de Lisboa, um bairro sossegado, bastante residencial, com estrutura própria.


E desta vez, esperamos que seja para sempre, até que a morte nos separe!!!



Quando vim trabalhar em Portugal, todo mundo dizia : " Ah! Você não volta mais , vai casar com um português, eles adoram as vedetes brasileiras". Não aconteceu na época, mas .... a voz do povo....sempre tem razão !!!!!