quinta-feira, 21 de maio de 2009

Amigas e Amigos do Coração 2

Hoje acordei pensando muito numa amiga que já partiu. Um aperto no peito, uma vontade de fazer o tempo parar e viver tudo outra vez. Voltar e parar naquela tarde na Av. Copacabana esquina da Bolivar onde nos encontramos pela primeira vez. Ela acompanhava os passos de seu filho, que já queria correr. Alguém nos apresentou e logo ficamos amigas. Rosermi Rondelli, a Rose Rondelli. Nesta época ela era casada com Carlos Gil e nossos assuntos eram sobre o Eduardo , o Duda, seu filhinho, suas travessuras e gracinhas. Rose, a vedete, era uma mulher lindíssima, alta, corpo perfeito, um rosto cheio de alegria com um sorriso contagiante, divertida, ironica e muito franca. Ela me chamava de Boneca Cobiçada, apelido que me deu e que ficou para sempre. Quando fomos trabalhar juntas no Teatro João Caetano, na Cia Silva Filho, na revista " É Tudo Juju- Frufru" já havia uma grande afinidade que se consolidou mais ainda. Parceiras na ficção e na realidade, participávamos uma da vida da outra e não tínhamos segredos. Eramos livros abertos que uma podia ler sem o consentimento da outra. Solteiras e desempedidas tudo era motivo para gargalhadas e deboches. Certa vez fízemos uma aposta para ver quem conseguia namorar um bailarino do Ballet da Mercedes Batista, o Waldir. Ficavámos na coxia vendo ele dançar, pois entravámos em cena depois, a paquera era diária. Apostamos um jantar que ganhei porque fui mais fundo na conquista. Era tão grande nossa cumplicidade que nos entendíamos pelo olhar. Uma vez assumi um namoro com um cômico num restaurante porque chegou um jornalista que era seu namorado e já andava desconfiado da traíção. Coisas do coração. E fomos caminhando pela vida sem nos separarmos embora muitas vêzes longe. Estava trabalhando na TV-RIO e ela foi na gravação do programa "Chico Anísio Show" me encontrar, então apresentei-a ao meu amigo Chico Anísio e ali começou um amor que resultou num casamento e dois lindos filhos, Nísio Neto e o Rico ( Ricardo). Enquanto morei no Rio frequentei sua casa na Urca onde meu filho brincava com seus filhos e mais o Lugue ( Luiz Guilherme), filho da Nancy Wanderley . Lembro que quando fui falar a ela que vinha embora para Porto Alegre, ela me disse: ''Você não vai resolver seus problemas fugindo ", eu não estava fugindo mas rompendo laços e querendo uma nova vida para mim e minha família. Grande Otelo também não acreditou e nem Brigithe Blair quando me convidou para ser estrela de seu teatro e eu disse que ia mudar de vida. Com o passar dos anos, percebi que embora distante, os laços não se consegue romper são fortes demais e a nova vida sempre está ligada a antiga.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Lugar Certo, Hora Certa

O ano era 1953, quase fim de tarde, eu ia passando na Av. Copacabana em frente ao Teatro Follies no RJ, quando o empresário Zilco Ribeiro e o cômico Colé se aproximaram e perguntaram se eu gostaria de trabalhar no teatro respondi que sim. A pergunta seguinte foi minha idade."Dezoito anos", disse. Eles me olharam e acreditaram. Eu tinha dezesseis, era menor.....corpo de mulher, cara de menina. Meu nome? Lena Laje, a moda era a dobradinha de letras do nome com o sobrenome, Marilyn Monroe, Brigithe Bardot, etc...Na hora escolhi este nome, Lena para poder fazer a dobradinha com Laje porque eu gostava da Eliane Laje, estrela do nosso cinema . Fui convidada a seguí-los até o palco onde conheci o coreógrafo Norberto. Subi ao palco e fui ouvindo as orientações dos três. Faria um desfile com outras girls num vestido longo enquanto Nélia Paula, a estrela cantava Risque de Ari Barroso, até aí tudo bem, depois com um biquine amarelo, colarinho, luvas, bengala e sapatos brancos, mais uma cartola preta com uma fita branca seria a vez do sapateado. Norberto perguntou: " Você sabe sapatear?" e como Mara Rúbia havia me ensinado, respondi: "Sim...claro!" Ele então segurou minha mão e cantarolou um fox-trote fazendo os passos do sapateado. Eu, me achando esperta, tentava seguí-lo. A aparição seguinte seria o final da revista, Operetas, com todo o elenco, minha roupa era de morcego um biquine preto e uma capa preta. Fiz a prova das roupas e desfilei pelo palco. Havia passado no teste. Estava contratada. Estreiaria naquela noite! Nem acreditei! E minha mãe? E o Colégio de freiras? Minha hora de voltar para casa era ás 20h, exatamente a hora que o espetáculo estaria começando. Naquele momento decidi minha vida. Não voltaria para casa. Se eu não estivesse passando na Av. Copacabana naquela hora, minha vida teria sido totalmente diferente e eu não teria vivido o que vivi nem sido o que fui, mas eu estava passando no lugar certo e na hora certa.