sexta-feira, 13 de março de 2009

Amigas e Amigos do Coração

Quando a saudade bate bom mesmo é escrever e hoje lembrei de alguns amigos e amigas que fiz nos meus dezenove anos de teatro. A primeira delas foi a Isa Rodrigues. Conheci a Isa quando estreiei no teatro, a peça era Mulheres Cheguei, na Cia do Colé, sociedade com Zilco Ribeiro no Teatro Follies em Copacabana. Era a noite da minha vida e ela foi muito gentil comigo e dali nasceu uma amizade que nem o tempo conseguiu terminar. Passamos muitas noites de nossas vidas juntas, gostavamos de jogar e atravessamos periodos incriveis de aventuras e romances, de trocas e de cumplicidades e por vários anos, na casa dela com sua família, vi a chegada de um novo ano. Frequentei a casa do pai da Isa, na Praça Tiradentes onde se formava um jogo de cartas que jogavam velhos artistas, Benito Rodrigues, pai da Isa, Alzira Rodrigues, mãe , Antonio da Silva, pai do Silva Filho, Boateaux Sobrinho , dramaturgo, São Cristovão, maquinista do teatro, Perpétuo da Silva, irmão do Silva Filho, era um jogo murrinha, baratinho, mas lá estava eu todas as noites. Todo mundo falava que eu era louca aturar aquela velharia, mas eu adorava passar minhas noites com eles, jogando, rindo e me sentindo a filha de todos. A Bolacha, era esse o apelido da Isa, gostava de jogar cartas , eu do pano verde ( Campista, Bacará ). Quando não estavamos trabalhando, estavamos jogando! Certa vez ganhei tanto dinheiro numa Campista que o dono do jogo pediu para eu parar. Levei o dinheiro numa caixa de sapatos para casa. Dinheiro vivo que pagou minha plástica do nariz e do queixo com o Dr Ivo Pitangui. Na rua Alvaro Alvin tinha o Clube do Amoroso que deu uma mesa para as vedetes formarem jogo. Cada vedete tinha seu dia da semana, assim Nélia Paula, Angelita Martinez, Esther Tarcitano, Isa Rodrigues e eu iamos todas as noites ao Clube para prestigiarmos a noite do jogo daquela colega, isto quer dizer que jogavamos todas as noites. Se perdiamos o Amoroso descontava da nossa noite, se ganhavamos um pouco ficava para a casa, outro para nós. Com essa proposta, sempre tinhamos dinheiro e ele sempre a casa cheia pois, tinha uma mesa de vedetes e todos queriam jogar com as belas do Teatro. Bolacha, companheira de tantos caminhos agora está no Retiro dos Artistas e outro dia quando falavamos pelo telefone, querendo me consolar pela perda da minha mãezinha e do meu companheiro, me convidou para morar no Retiro e ficarmos juntas e quem sabe fazermos um carteado! Grande amiga, grande figura!