quarta-feira, 22 de abril de 2009

O Grupo Cartaberta e Os Mistérios do Sexo

Quando comecei a escrever este blog não tinha a intenção de seguir uma ordem cronológica ia escrevendo conforme a saudade batia ou a inspiração viesse. Mas até mesmo num blog não somos donas do nosso destino e eis que aparece uma encantadora pessoa mexendo num passado não muito distante e despertando lembranças agradáveis. Necka Ayala, querida amiga, você trouxe de volta um tempo que foi precioso demais, quando no seu blog, in neckaayala.blogspot, mandou aquele recado que me inspirou este texto. A primeira pessoa que me convidou para fazer teatro em Porto Alegre, foi Carlos Carvalho. Eu ainda estava fazendo a faculdade de Artes Cênicas, e nos reunimos na casa dele e da Araci Esteves, no elenco lembro da Lourdes Eloi e do Bira Valdez que também faria a produção. Não fiquei, pois meu marido, Orlando de Lima, havia sofrido seu segundo infarto e precisava muito de minha atenção. Outra ocasião, João Castro Lima e Lutti Pereira me convidaram para fazer uma comédia , mas a faculdade atrapalhou tudo e novamente recusei. Quando Toninho Vasconcellos me chamou para o papel da portuguesa, Dona Augusta, na peça de Coelho Neto,"Os Mistérios do Sexo", na primeira leitura eu já sabia que faria e que a peça seria um sucesso. Pura intuição artística! O Grupo era o Cartaberta formado pelos funcionários dos Correios, Fábio Peroni, Rô Saad, Bárbara Zerbrowiski e Gisele Peroni e os atores Gian Carlomagno, Henri Iunes, Taís Van Ondheusden e eu como atriz convidada. Estreamos no dia 4 de Agosto de 1990 no Auditório dos Correios e Telégrafos. Sobre o espetáculo escreveu o crítico de teatro do jornal Zero Hora, Cláudio Heemann: "Com bom ritmo e atores desenvoltos, visual pop e marcações dinâmicas, Toninho Vasconcellos acertou na mosca.Os Mistérios do Sexo brilha como comédia de costumes. " e segue mais adiante: " Eloina Ferraz após anos de ausência, volta`acena em plena forma, no papel de uma bisbilhoteira". Tivemos seis indicações para o troféu Açorianos e sete para o troféu Quero-Quero. Apresentamos também nos teatros Àlvaro Moreira, Bruno Kiefer, Câmara, Renascença, nas cidades de Pelotas, Montenegro e Santo Angêlo e no Festival de Teatro de Canela. Havia muita garra naquilo que fazíamos, eramos unidos pelo mesmo desejo: fazer o melhor possível para agradar ao público. E conseguiamos. Ficamos em cartaz dois anos. Não continuei no Grupo, porque a montagem seguinte seria "Medéia" e eu não queria fazer, naquele momento, uma tragédia. Recordo com carinho os encontros, onde o violão, a voz da Necka e da Rô, embalavam nossos momentos de descontração e as madrugadas naquele boteco perto do apê do Toninho que servia um vinho tinto de jarro que a gente tomava, ficava mais alegre, e esquecia da vida!